ALINHAMENTO MORAL
Quando você conhece uma pessoa, você não está apenas vendo um corpo, mas sim uma série de ideais, pensamentos, filosofias, traumas e alegrias que constituem sua existência. Dentro de um RPG, os personagens são a mesma coisa. Eles não são meros acasos coexistindo no universo, eles são seres com uma gama de coisas que os constituem como os talentos e defeitos, os atributos e suas perícias. Jogar um RPG é vestir-se com esses personagens e interpretá-los da maneira mais coerente possível, vivendo assim uma nova vida em um mundo fantástico, perigoso e cheio de magia.
Seja você um guerreiro que ergue a espada para lutar pelo reino ou um elfo que se importa com a natureza acima de tudo, o propósito de um RPG é entrar na pele desses personagens como se fosse uma segunda vida. Para tanto, é importante estar também conectado com os detalhes deste novo mundo, bem como compreender como os personagens se alinham ao universo - e para isso existe o sistema de alinhamento moral.
Embora um Alinhamento Moral não seja sinônimo de personalidade, ele pode ser entendido como a forma que um personagem encara o funcionamento do mundo. É importante que todos os jogadores compreendam os tipos de moralidade impostos neste sistema na hora de montar seu personagem, pois, é a partir dessa visão de mundo que poderemos ter grandes heróis assim como grandes vilões.
Bem e Mal
O velho debate do bem e do mal é muito importante para chegar ao alinhamento moral. Buscamos sempre separar entre esses dois pólos naturalmente, e normalmente se trata de decisões conscientes ao realizar uma escolha. No entanto, é também inerente às formas que um personagem cresceu em sua vida e como ele mesmo a encara. Enquanto o bem e o mal seja, na maioria das vezes, algo muito claro de um ponto de vista social e jurídico, o mesmo não ocorre na filosofia pessoal de cada indivíduo.
O personagem bom se concentra em fazer ações que visem proteger a vida. Costumam cometer atos altruístas e defendem os mais fracos mesmo que isso signifique sacrificar-se. Costumam ter muita empatia, ainda que nem sempre saibam expressar muito bem. Por isso, costumam buscar alianças e maneiras pacíficas de resolver as coisas. Algumas pessoas se tornam “boas” através de dogmas e leis, enquanto outras mesmo tendo tudo contra elas se esforçam a manter a bondade intacta por algum senso de justiça ou filosofia de vida.
O personagem mal se concentra em fazer ações nocivas às vidas alheias. Costumam cometer atos que ferem, oprimem, humilham e até acabam com outras existências. Se o bom tem muita empatia pelos outros, o mal, se tiver, é muito baixa e pouco explorada. Por este motivo, aproveitam-se dos outros para seus próprios fins, usando-os e matando-os se for conveniente. Algumas pessoas se tornam “más” ao corromper-se com poder ou um falso sentido deste, enquanto outras mesmo tendo tudo a favor delas acabam permeando um caminho sombrio por algum senso de justiça ou filosofia de vida.
Entre esses dois extremos existem os neutros. Ser um personagem neutro significa enxergar tanto o bem como o mal, mas não correr para nenhum extremo e prender-se às morais deste. Podem não gostar de matar inocentes, mas não se acanharem para realizar um assassinato em nome do que soa correto ao momento. Podem não terem instintos para se sacrificarem pelos outros, mas ainda assim se importarem em protegerem pessoas que lhe são queridas. Para uns ser neutro é simplesmente não saber quem é, para outros é saber equilibrar as coisas dentro de si.
Lealdade e caos
Além do debate entre bem e mal, é também importante entender se as coisas funcionam de maneiras leais ou caóticas. Essa perspectiva parece muitas vezes ser escolhas conscientes, mas estão também muito relacionadas aos traços de personalidade de um indivíduo. O modo como ele absorve valores e comportamentos ao longo de sua construção e como expressá-los é o que caracteriza suas perspectivas.
O personagem leal costuma manter a verdade acima de tudo, são muito honrosos com suas promessas e tradições, não se importam em seguir as leis e autoridades e ainda julgam aqueles que não o fazem. No entanto, isso também pode trazer consigo mentes fechadas e conservadoras, tendências reacionárias e uma dificuldade maior em adaptação a novos modelos de funcionamento. Eles são guiados pelas regras, explícitas ou implícitas, do mundo acima de seus interesses e justificam suas ações como corretas em cima dessa concepção.
O personagem caótico segue seus interesses mesmo que isso vá contra tradições, autoridades e até mesmo a verdade. São espíritos livres, que se adaptam conforme as coisas mudam e demonstram uma flexibilidade maior. Por essa expressão de vida mais livre, costumam ter problemas com autoridades, serem considerados irresponsáveis e terem ações arbitrárias. São guiados pela crença de que a liberdade é a verdadeira forma de viver e justificam suas ações como corretas em cima dessa concepção.
Entre esses dois extremos existem os neutros. Ser um personagem neutro nessas perspectivas implica em não ser totalmente rebelde, mas também não ser completamente submisso às autoridades. Mantêm-se honestos de acordo com os momentos e podem mentir e enganar os outros se necessário e sem peso na consciência. Enquanto aos leais eles parecem mais próximos dos caóticos e vice-versa, neutros costumam se verem acima de ambos, vendo que seus extremos os cegam completamente